O último show da Superguidis no Macondo foi em maio – pouco tempo antes do lançamento do último CD. Lembro de um show mais curto, e a casa não tão cheia. Já no último sábado, eu vi um Macondo lotado por um público participativo e completamente absorvido pelo show. Não era pra menos: 24 músicas, cerca de uma hora e meia de uma presença de palco enérgica, e os integrantes deixando o cansaço transparecer apenas horas depois, sentados pelo bar com caras de destruídos. Foi a terceira noite de uma sequência de shows, viagens e leva-e-traz de equipamentos - nas noites anteriores, a banda tinha passado por Porto Alegre e Caxias do Sul.
Um dos motivos dessa correria toda era a participação da banda argentina El Mato a un Policia Motorizado, mas os shows foram cancelados devido a um problema de saúde de um integrante, e eles nem chegaram a vir para o Brasil. Esse foi definitivamente o ponto ruim da noite, já que eu acho as músicas do El Mato bem interessantes e estava curiosa para conferir o show.
Segurando as pontas dessa ausência inesperada, os guris resistiram bravamente ao desgaste e abriram o show com a música que também abre o último CD, “Por entre as mãos”. O set list contou também com “Mais do que isso”, “Os erros que ainda irei cometer”, “Mais um dia de cão”, “6 anos”, e a ótima “Parte boa”, que conta em seus versos a Amarga Sinfonia do Superstar, e que Lucas chamou de “uma música quase, quase triste” durante o show. Do CD “Superguidis”, “O Raio que o Parta”, “Malevolosidade”, “Piercintagem”, “Discos Arranhados”, “O coraçãozinho”, “O banana”, “O manual de instruções” e a adorável “Spiral arco-íris” estavam entre as escolhidas. Claro, estou mencionando as minhas preferidas. Além das músicas próprias, a banda fez uma cover da música “Cut your hair”, do Pavement, do album Crooked Rain, Crooked Rain de 1994.
Marco, baterista, e Diogo, baixista da banda Superguidis
Apesar dos guris terem tocado os 2 cds quase inteiros, senti falta da que é, pra mim, uma das melhores do CD novo: “Nunca vou saber”. Quando eu conversei com eles, o Lucas me falou que eles teriam tocado essa música, se tivessem lembrado de colocá-la no set list (vivendo e aprendendo, da próxima vez, eu entrevisto eles ANTES do show). A apresentação acabou ao som de “A saudade e o All Star”, música que está no EP “Ainda sem nome”, de 2004.
Quanto à entrevista: conversei com o guitarrista Lucas e o baterista Marco, e ambos foram – apesar do desgaste visível – muito atenciosos e simpáticos. A nossa conversa foi longa e divertida, passando pelos assuntos futebol, cinema, viagens, música e faculdade, mas vamos ao que importa: a banda. Os meninos comentaram a ausência do pessoal do El Mato – e o quanto isso sobrecarregou a Superguidis nos últimos shows. Sobre as apresentações que as duas bandas fizeram juntas na Argentina, Lucas comentou, muito impressionado, a surpresa que tiveram com a empolgação e a receptividade dos argentinos, já que a Superguidis não era conhecida pelos hermanos. Os shows foram em La Plata, cidade da banda El Mato, e na capital, Buenos Aires. Seguimos no assunto das viagens da banda, e mais uma ótima surpresa: em recente passagem pelo Acre, eles descobriram que a Superguidis é uma das bandas mais tocadas em uma rádio de lá.
Sobre as impressões que o movimento de bandas gaúchas causa fora do estado, Marco foi direto: “O que nós tentamos é fugir disso!”, confessou, explicando que o cenário musical gaúcho é fechado demais, admitindo que as bandas tenham apenas um tipo de som característico e a Superguidis e também a Pública, de Porto Alegre, por exemplo, tentam se livrar desse padrão e buscar o mercado lá em cima.
Marco, Lucas, eu e a minha super colaboradora Renata, no bar
Com “A Amarga Sinfonia do Superstar”, a banda ganhou a simpatia da crítica, a admiração do público e mais espaço no Brasil. “Agora a gente já vê a banda com um objetivo, já não é mais aquela aventura de garagem que era antes. Agora vemos que podemos dar certo de verdade”, comentou Marco. Ainda bem, já que a Superguidis é provavelmente a banda gaúcha – não a banda indie, nem a banda underground, mas a banda gaúcha mesmo - mais promissora do momento.
Enfim, com ótimas companhias e um ótimo show, a minha festa terminou as 6:20 da manhã. Me despedi do Macondo com uma brincadeira do Marco: “Apareçam, a gente vai estar sempre por aqui.”
Assim esperamos!
=]
5 comentários:
"por ter cantado junto"
HAHAHAHA
a despedida do marco foi a melhor. "venham nos visitar aqui em santa maria". hahaha
Baita show, baita banda. ainda to ocm o ouvido zunindo e com roxos na perna pelas vezes que bati no palco com os empurrões.
tudo bem. ficaram me devendo um setlist E "o cheiro de óleo".
humpf.
:*
show muito bom, banda muito boa!
donde diz grande colaboradora, lê-se: pessoa insistente que ficou enchendo o saco pra luísa perder a vergonha e ir falar com eles.
bjsreflita
HAHAHAHAHAHAHAHA
serei uma péssima jornalista, cara
Viram, o Marco também fala, de vez em quando... ;)
Quero voltar pra Santa Maria ehehe
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