segunda-feira, 12 de novembro de 2007

A "quase triste" Sinfonia do Superstar

Pela segunda vez em 2007, a banda gaúcha Superguidis esteve no Macondo. No último sábado, dia 10, tive a oportunidade de conferir o meu terceiro show da banda - o segundo aqui em Santa Maria. Mas tudo bem, que ninguém pense que eu já cansei e fui lá apenas a trabalho. Pelo contrário: às vezes, o trabalho se torna uma justificativa para que a gente possa se aproximar de artistas que a gente tanto admira! =]

A banda de Guaíba - RS é formada por Andrio Maquenzi (guitarra e voz), Lucas Pocamacha (guitarra e voz), Diogo Macueidi (baixo) e Marco Pecker (bateria). Os guris lançaram o seu disco de estréia, “Superguidis”, no ano passado. Ainda em 2006, o disco foi eleito pela Trama Virtual o melhor disco independente do ano e a banda foi considerada um dos “13 nomes do novo rock que realmente importam”, pela entendida do assunto, Revista Bizz. O segundo disco, “A Amarga Sinfonia do Superstar”, foi gravado no Estúdio Daybreak, em Brasília, com produção de Philippe Seabra, da Plebe Rude – chamado por Lucas durante a nossa entrevista de “Fifi Pedalada” (apelido dado ao músico por Herbert Vianna nos anos 80). O disco, lançado na metade do ano, veio para confirmar a Superguidis como a maior revelação do rock independente do Rio Grande do Sul: jornais de vários estados brasileiros passaram a publicar críticas e mais críticas extremamente incentivadoras, não só sobre o disco, mas também sobre os shows – que foram diversas vezes considerados entre os melhores nos festivais que a banda já se apresentou.

É realmente difícil permanecer indiferente ao som do quarteto que define algumas de suas influências como “cidades fedorentas, infância, tosquice televisiva e Super Nintendo”. As letras simples, nostálgicas e bem-humoradas entram em harmonia com as guitarras barulhentas (por isso, eles acreditam nos riffs!) no mais perfeito estilo garagem. Lembranças da adolescência, sujeira urbana, gírias gaúchas, versos sem pretensão, amores perdidos, a voz de Andrio: belas combinações.

Andrio Maquenzi, vocalista da banda Superguidis, no Macondo

O último show da Superguidis no Macondo foi em maio – pouco tempo antes do lançamento do último CD. Lembro de um show mais curto, e a casa não tão cheia. Já no último sábado, eu vi um Macondo lotado por um público participativo e completamente absorvido pelo show. Não era pra menos: 24 músicas, cerca de uma hora e meia de uma presença de palco enérgica, e os integrantes deixando o cansaço transparecer apenas horas depois, sentados pelo bar com caras de destruídos. Foi a terceira noite de uma sequência de shows, viagens e leva-e-traz de equipamentos - nas noites anteriores, a banda tinha passado por Porto Alegre e Caxias do Sul.

Um dos motivos dessa correria toda era a participação da banda argentina El Mato a un Policia Motorizado, mas os shows foram cancelados devido a um problema de saúde de um integrante, e eles nem chegaram a vir para o Brasil. Esse foi definitivamente o ponto ruim da noite, já que eu acho as músicas do El Mato bem interessantes e estava curiosa para conferir o show.

O divertido Lucas, cuidando para não "comer cabelo" no show

Segurando as pontas dessa ausência inesperada, os guris resistiram bravamente ao desgaste e abriram o show com a música que também abre o último CD, “Por entre as mãos”. O set list contou também com “Mais do que isso”, “Os erros que ainda irei cometer”, “Mais um dia de cão”, “6 anos”, e a ótima “Parte boa”, que conta em seus versos a Amarga Sinfonia do Superstar, e que Lucas chamou de “uma música quase, quase triste” durante o show. Do CD “Superguidis”, “O Raio que o Parta”, “Malevolosidade”, “Piercintagem”, “Discos Arranhados”, “O coraçãozinho”, “O banana”, “O manual de instruções” e a adorável “Spiral arco-íris” estavam entre as escolhidas. Claro, estou mencionando as minhas preferidas. Além das músicas próprias, a banda fez uma cover da música “Cut your hair”, do Pavement, do album Crooked Rain, Crooked Rain de 1994.

Marco, baterista, e Diogo, baixista da banda Superguidis

Apesar dos guris terem tocado os 2 cds quase inteiros, senti falta da que é, pra mim, uma das melhores do CD novo: “Nunca vou saber”. Quando eu conversei com eles, o Lucas me falou que eles teriam tocado essa música, se tivessem lembrado de colocá-la no set list (vivendo e aprendendo, da próxima vez, eu entrevisto eles ANTES do show). A apresentação acabou ao som de “A saudade e o All Star”, música que está no EP “Ainda sem nome”, de 2004.

Quanto à entrevista: conversei com o guitarrista Lucas e o baterista Marco, e ambos foram – apesar do desgaste visível – muito atenciosos e simpáticos. A nossa conversa foi longa e divertida, passando pelos assuntos futebol, cinema, viagens, música e faculdade, mas vamos ao que importa: a banda. Os meninos comentaram a ausência do pessoal do El Mato – e o quanto isso sobrecarregou a Superguidis nos últimos shows. Sobre as apresentações que as duas bandas fizeram juntas na Argentina, Lucas comentou, muito impressionado, a surpresa que tiveram com a empolgação e a receptividade dos argentinos, já que a Superguidis não era conhecida pelos hermanos. Os shows foram em La Plata, cidade da banda El Mato, e na capital, Buenos Aires. Seguimos no assunto das viagens da banda, e mais uma ótima surpresa: em recente passagem pelo Acre, eles descobriram que a Superguidis é uma das bandas mais tocadas em uma rádio de lá.
Sobre as impressões que o movimento de bandas gaúchas causa fora do estado, Marco foi direto: “O que nós tentamos é fugir disso!”, confessou, explicando que o cenário musical gaúcho é fechado demais, admitindo que as bandas tenham apenas um tipo de som característico e a Superguidis e também a Pública, de Porto Alegre, por exemplo, tentam se livrar desse padrão e buscar o mercado lá em cima.

Marco, Lucas, eu e a minha super colaboradora Renata, no bar

O assunto mais comentado foi o CD novo, cuja divulgação vai muito bem, obrigada. Falamos do processo de gravação em Brasília, e da estranheza que a banda sente com a música enquanto ela não fica pronta. “A gente ouve a música de verdade depois que ela já está gravada. Antes disso, só temos as impressões de cada instrumento, separado”, explicou Lucas.
Com “A Amarga Sinfonia do Superstar”, a banda ganhou a simpatia da crítica, a admiração do público e mais espaço no Brasil. “Agora a gente já vê a banda com um objetivo, já não é mais aquela aventura de garagem que era antes. Agora vemos que podemos dar certo de verdade”, comentou Marco. Ainda bem, já que a Superguidis é provavelmente a banda gaúcha – não a banda indie, nem a banda underground, mas a banda gaúcha mesmo - mais promissora do momento.

Enfim, com ótimas companhias e um ótimo show, a minha festa terminou as 6:20 da manhã. Me despedi do Macondo com uma brincadeira do Marco: “Apareçam, a gente vai estar sempre por aqui.”
Assim esperamos!
=]


Superguidis no Macondo tocando uma das minhas preferidas: "O Manual de Instruções", do CD "Superguidis", de 2006


Quem quiser saber mais sobre o Superguidis, pode entrar no site oficial, ou na comunidade da banda no orkut. Para conhecer as músicas, basta fazer o download pelo site da Trama Virtual ou comprar os cds na loja virtual da Monstro Discos.

PS: As fotos foram cedidas pela Renuska e pelo Budu. Os créditos do vídeo vão para a Renuska também - pela gravação e por ter cantado junto.

5 comentários:

Anônimo disse...

"por ter cantado junto"
HAHAHAHA

a despedida do marco foi a melhor. "venham nos visitar aqui em santa maria". hahaha

Baita show, baita banda. ainda to ocm o ouvido zunindo e com roxos na perna pelas vezes que bati no palco com os empurrões.
tudo bem. ficaram me devendo um setlist E "o cheiro de óleo".
humpf.
:*

Unknown disse...

show muito bom, banda muito boa!

Anônimo disse...

donde diz grande colaboradora, lê-se: pessoa insistente que ficou enchendo o saco pra luísa perder a vergonha e ir falar com eles.

bjsreflita

Luísa Dalcin disse...

HAHAHAHAHAHAHAHA

serei uma péssima jornalista, cara

Marco Pecker disse...

Viram, o Marco também fala, de vez em quando... ;)

Quero voltar pra Santa Maria ehehe

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