domingo, 7 de outubro de 2007

Volta às origens

Quem entrasse no Theatro Treze de Maio na última quinta-feira, pelas músicas concluiria estar num dos grandes festivais de música popular brasileira da década de 60. O motivo era o show Tropicália, com a direção musical do baixista Felipe Alvarez, que comandou o grupo formado pelos músicos Ricardo Freire, Benhur Bernardes, Rafael Bisogno, entre outros.

O Tropicalismo foi um movimento cultural brasileiro com influência do Antropofagismo, só que diferente deste, a Tropicália dava maior importância à cultura popular. O movimento surgiu no terceiro Festival de Música Popular Brasileira, realizado pela Rede Record, no ano de 1967. Neste festival, Caetano Veloso interpretando a surpreendente Alegria, Alegria e Gilberto Gil, com Os Mutantes, apresentando Domingo no Parque, lançaram as sementes da manifestação. No mesmo ano foi lançado ainda o disco Tropicália ou Panis et circences, que comparava a política do Pão e Circo de Júlio César, na Roma Antiga, à da praticada pela ditadura então vigente no Brasil.

Depois de explicar e situar o público sobre o movimento, os músicos abriram o espetáculo no teatro com Alegria, alegria, que quando foi exibida na década de 60 chocou e provocou polêmica. A guitarra elétrica estava sendo incorporada à música brasileira. Domingo no Parque, como não poderia deixar de ser, foi a próxima a ser executada.

Entre as músicas os artistas explicavam a história e o ambiente em que foram compostas as canções. Depois de tocar o contestado sucesso É Proibido Proibir, os músicos viraram-se de costas para o público. Nos alto-falantes, o célebre discurso que Caetano fez contra as vaias que lhe fizeram pela composição: “Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? (...) São a mesma juventude que vão sempre, sempre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem!”.

Expresso 2222, de Gilberto Gil, e País Tropical, de Jorge Ben Jor, entusiasmaram o público, composto de diversas idades, que acompanhou cantando e batendo palmas. Soy loco por ti América empolgou tanto a platéia que alguns, mais animados, já haviam se levantado e dançavam desenvoltos.

O show Tropicália mostrou que, apesar de ter passado quarenta anos desde o início do movimento, o Tropicalismo ainda está presente e influencia o ambiente musical e cultural brasileiro. Os jovens eram uma parte considerável dos espectadores. E para encerrar a exibição, uma música composta por Gilberto Gil antes de ir para o exílio em Londres: Aquele Abraço.

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