Eu estive lá no Macondo ontem, cobrindo a noite de privilégios universitários com Show da Crema. Conheci a banda no início do ano, na formatura de um amigo, e vi o clipe - muito interessante, por sinal - da música “Você sabe sim” (dirigido por Maurício Canterle e finalizado em maio de 2007) no Santa Maria Vídeo e Cinema, no dia da mostra competitiva regional, em julho desse ano. A banda, formada por Márcio Echeverria (vocal e teclado), Macaco (baixo e voz), Alexandre (bateria) e Neny Bittencourt (guitarra e voz), tem cerca de 1 ano e meio de existência, e está com essa formação há 7 meses. Eles acreditam já ter tocado mais de 10 vezes no Macondo - e eu acredito ter estado lá em umas três ou quatro dessas vezes, principalmente em noites de rockabilly! - já que, como explicou Márcio depois do show, a procura dos outros lugares é maior pelo pop e pelo pagode. Mais uma vez, casa lotada, como é de se esperar da comunidade universitária de Santa Maria, e o bom e velho rock n’roll: faltou foi espaço para dançar.
E o rock ontem passou por várias fases e vertentes: Beatles, Rolling Stones,The Who,The Doors, Talkingheads, Creedence, A-HÁ (difícil ouvir Take On Me e optar por ficar parado!), Los Hermanos, Cake, Supergrass, etecéteras, etecéteras - eu adoraria ter feito um videozinho da galera dançando, mas cartão de memória de estagiária não sustenta esse tipo de luxo.
Depois do show, do calor e do empurra-empurra do segundo andar (mas eu não culpo nenhum transeunte, eu realmente tenho o dom de me alojar nos corredores!), encontrei o pessoal da banda e conversamos sobre música, cultura e mídia em Santa Maria.
Ao comentar que a Crema está começando a se dedicar às composições próprias, Márcio reclamou da falta de espaço na cidade para as bandas daqui. E Macaco complementou: “Está faltando incentivo pra quem tem música própria, as casas pedem muito que as bandas toquem cover”.
Tive que concordar. Sem desmerecer o cover, mas eu já cansei de ir a festas em Santa Maria para ouvir dois shows seguidos, e, no segundo show, eu ouvia algumas músicas que no show anterior também tinham sido tocadas. E, como disse Neny durante a conversa: sair de casa pra ver as bandas tocando sempre as mesmas músicas que as outras bandas tocam e que nós temos nos nossos CDs, não faz muito sentido. Quando falamos sobre as casas de shows da cidade, como eu mencionei anteriormente, Márcio apontou para uma certa divisão musical, em que cada lugar acabou por adotar um som quase padrão nas suas festas, e o rock ficou no Macondo. Neny – o mais falante – acrescentou: “o Macondo é um lugar que investiu numa proposta diferente e deu certo. Aqui rola teatro, música, cinema.... Falta as pessoas montarem alguma coisa e acreditarem no que estão fazendo, sem virar as costas para a música que está acontecendo aqui em Santa Maria”.
Ao tocarmos no assunto “mídia”, senti um descontentamento no grupo – que, por sinal, é meu também. Lembro de alguns anos atrás, em que extintas rádios da cidade buscavam um som diferente para tocar, lembro de festivais que também abriam espaço para as bandas locais, que existiram por duas ou três edições e sumiram do mapa. Enquanto falávamos sobre isso, Neny comentou: “Qualquer cidade do interior vai ser comparada com a capital, mas eu acho que Santa Maria não deve nada para Porto Alegre com relação a bons músicos. O problema é que lá o pessoal investe mais na parte da imagem e músicas próprias, e aqui o pessoal investe mais em tocar. Todo mundo diz ‘Porto Alegre é a cena’, mas lá tem a RBS, o Papo Clip, o Radar, e eles dão exposição. Em Santa Maria, falta um veículo de comunicação que incentive as bandas a produzirem, porque se a galera não conhece, ela não vai sair de casa pra ir ver aquela banda tocar as músicas próprias. E também não adianta eles incentivarem, e as bandas não se mexerem... dá pra contar nos dedos as bandas que fazem som próprio aqui. A medida que tem banda compondo, tem que ter a mídia apoiando também. As duas coisas andam juntas.”
Então, fica o alerta para os veículos de comunicação da cidade acordarem para o que acontece aqui dentro; também para os músicos não desistirem de mostrar o seu trabalho; Mas mais ainda para a galera, que sai por aí nessas sextas-feiras de universitários: vamos incentivar o que é nosso e o que vale a pena ouvir.
Quem quiser conhecer mais sobre a banda Crema, aí vão alguns links:
Comunidade da Crema no Orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=9612573
Clipe “Você sabe sim”:
http://www.youtube.com/watch?v=jCIxab_nCwI&mode=related&search
Observação: Quanto às fotos, um agradecimento especial para o Everton, a melhor companhia das mencionadas noites de rockabilly e fotógrafo substituto, já que eu fui muito desfavorecida pela minha humilde altura.
Ah! Pra quem tinha comentado sobre o Pornô, do Irvine Welsh, eu atualizei o post do Trainspotting.
2 comentários:
Muito bom o teu texto, coisa pequena! Só achei que tem parenteses demais...
=P
A Crema mudou, e pra melhor, o repertório deles. É bem mais legal lembrar do show no outro dia, porque além de músicas boas tinha a ótima companhia na dança!
=D
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